Parte da briga entre o governo e os bancos é boa. É aquela relacionada à redução dos juros bancários, do spread (diferença entre o custo de captação dos bancos e as taxas cobradas do consumidor).
Os bancos públicos baixaram os juros; depois, foi a vez dos privados. Os consumidores estão atentos às taxas de administração cobradas. Isso melhora a eficiência da economia. A redução do custo do dinheiro diminui o risco de inadimplência, porque as pessoas conseguem pagar. Tudo isso é para o bem da economia brasileira.
E qual é a parte boba? Essa briguinha. A presidente da República não tem de se preocupar com o que um economista da Febraban diz. Não faz sentido essa briga, obrigar os bancos a se retratar. Não pode ser Dilma x bancos, até porque pode chegar a hora em que o BC terá de subir os juros para conter a inflação.
Do jeito que o assunto está sendo levado, como uma cruzada, uma briga da presidente contra os juros altos, como será o dia em que o BC precisar subir a Selic? Dilma, como economista, sabe que a política monetária não pode ser assim. O BC tem de ter liberdade.
Hoje, o IBGE divulgou o IPCA, que ficou bem mais alto do que o do mês anterior, mas a boa notícia é que no acumulado em 12 meses continua a tendência de queda, porque no ano passado a inflação foi bem mais alta. A gente tem de olhar sempre para esse bicho, para que ele não saia do controle.
Também tem o lado perigoso dessa briga. Quando o marketing entra, as coisas ficam distorcidas.
O governo deveria focar no movimento saudável que ele fez, não transformar tudo isso numa briga entre a presidente e os bancos.
Mirian Leitão
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