Foi uma semana importante, com troca de comando nas duas maiores economias do mundo:
Obama é reeleito - Mais do que a economia, a demografia explica a reeleição do presidente Barack Obama nos EUA. Negros, jovens, mulheres e hispânicos preferiram Obama. Foi a vitória da diversidade. Essa é a nova cara dos EUA. Por outro lado, o partido republicano foi mais para a direita.
É a economia que vai dizer se ele terá ou não sucesso nesse segundo mandato. O desafio, agora, é evitar o "abismo fiscal". Obama precisará de mais habilidade para conter os cortes automáticos de gastos do dia primeiro de janeiro, que podem tirar US$ 600 bi da economia e jogá-la, de novo, na recessão. Mas há uma luz no fim do túnel: o presidente da Câmara, que permanece sob o controle dos republicanos, se mostrou mais flexível à proposta de fazer um mix de cortes de gastos e aumento de impostos.
Sucessão na China - Começou esta semana o 18º Congresso do Partido Comunista Chinês, que é realizado a cada cinco anos. Mudará a geração que ficará à frente do governo. Xi Jinping tomará posse em março, ficando no lugar de Hu Jintao. No discurso de quinta-feira, Hu Jintao disse que o fracasso na luta contra a corrupção pode ser fatal para o partido e até provocar o seu colapso e a queda do Estado.
Do lado dele estava Wen Jiabao, que foi acusado pelo "New York Times" de enriquecimento ilícito. Segundo o jornal, a família dele tem US$ 2,7 bilhões. A solução do governo chinês em relação a essa denúncia foi bloquear o acesso ao jornal pela internet.
Polêmica dos royalties - O assunto voltou com tudo esta semana, após a Câmara aprovar projeto que cria novas regras para a distribuição dos royalties. Acho que faltou liderança em todo o processo: o governo do Rio de Janeiro ficou esperando que uma solução caísse do "céu", do Palácio do Planalto, e não fez as coalizões políticas nem com a opinião pública para explicar qual é a posição do Rio, o maior produtor. Faltou à presidente Dilma a consciência de que a Presidência da República é a guardiã da paz federativa. Não pode ser supreendida por decisões que produzem conflito federativo dessa proporção.
É preciso que todos tenham calma. Não pode ser uma luta de todos contra o Rio e o Espírito Santo, que também não podem impôr o seu ponto de vista. O país está precisando de uma discussão mais racional e uma conscientização sobre o que está por trás dessa reivindicação dos dois estados. Uma das ideias é construir, com uma parte da arrecadação, um fundo para contingências ou de investimento em áreas estratégicas, como a educação e a preservação do patrimônio natural.
Mensalão - Foi pedida a apreensão dos passaportes dos que já foram condenados e a proibição de que saiam do país.
Meta fiscal não será cumprida - O ministro da Fazenda, Guido Mantega, admitiu esta semana o que já era esperado: o governo não cumprirá a meta cheia de superávit primário, de R$ 139,8 bi, ou 3,1% do PIB, este ano.
Inflação acelera - Em outubro, o IPCA subiu 0,59%, acelerando um pouco em relação ao dado de setembro (0,57%). Em 12 meses, a inflação subiu mais uma vez, chegando agora a 5,45%, acima do centro da meta. Os alimentos, que ficaram 1,36% mais caros, pressionaram mais uma vez; já acumulam alta de 10% em 12 meses. A inflação para os mais pobres está ainda maior: o INPC acumulado em 12 meses está em 5,99%.
Argentina - Houve um panelaço de grandes proporções contra o governo de Cristina Kirchner, que já pensa num terceiro mandato.
Europa - Na semana em que a Grécia aprovou mais medidas de austeridade - cortes de 13,5 bilhões de euros em salários e pensões, e o povo foi as ruas mais uma vez para se manifestar. Foi divulgado que o desemprego voltou a subir, atingindo o recorde de 25,4%. Entre os jovens de 15 a 24 anos, 6 de cada 10 estão desempregados.
Por Mirian Leitão
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