Protestos pelo Brasil – Manifestações nos últimos dias, de Norte a Sul do país, levaram milhares de brasileiros às ruas, o que não se via há muito tempo. Foram inesperadas pela força e número. A maioria dos manifestantes queria apenas mostrar sua insatisfação, mas houve uma escalada de violência. Uma parte da culpa cabe à Polícia de São Paulo que, na quinta-feira, feriu inclusive vários jornalistas.
As manifestações mostram a capacidade de reação do país a muita coisa errada, entre elas a crescente corrupção. Mas seu alvo não é apenas o governo, palavras de ordem anti-políticos foram gritadas em todas as manifestações. Há desconforto com a inflação. O esgotamento da capacidade de se endividar reduziu o amortecedor. Enfim, motivos políticos, econômicos e urbanos se misturam nos protestos.
O estopim foi a elevação das passagens de ônibus. Os prefeitos recuaram, mas os protestos não pararam. Ficaram maiores ontem e mais espalhados pelo país.
As manifestações de ontem, após a redução do preço das passagens – a primeira vitória até agora, levou pelo menos um milhão de pessoas às ruas, em mais de 80 cidades brasileiras, mas terminou em violência em várias delas. Atos de vandalismo, depredações, saques, ataques a órgãos públicos se intensificaram. A polícia reprimiu.
Um dia depois, a presidente fez uma reunião com os ministros para discutir a onda de protestos. Na reunião houve divisão entre os que acham que ela deve fazer um pronunciamento e os que acham que ela deve permanecer em silêncio. Durante a semana, a presidente elogiou as manifestações e houve uma tentativa da Casa Civil de jogar a batata quente sobre os prefeitos. Eles reagiram e a Casa Civil teve que em nota desdizer o que havia dito. As prefeituras fazem balanço dos prejuízos. Dilma cancelou sua viagem ao Japão.
Uma conta feita pelo Centro Brasileiro de Infraestrutura, do engenheiro Adriano Pires, ajuda a iluminar uma parte dos erros passados. Eu publiquei e comentei aqui. O governo ao abrir mão da CIDE, imposto da gasolina, deixou de recolher R$ 22 bi. Esse dinheiro, pela lei que criou o imposto, em 2001, tem o objetivo de financiar investimentos em infraestrutura de transporte. Ficou claro agora o custo do erro de subsidiar o carro particular, em vez de centrar todos os esforços no transporte público.
Tudo isso acontece no meio da Copa das Confederações, a um mês da Jornada Mundial da Juventude Católica, um ano antes da Copa de 2014.
Inflação estoura, de novo, teto da meta – O IBGE divulgou hoje que a inflação medida pelo IPCA-15 voltou a estourar o teto da meta (6,5%), em junho, ao passar de 6,46% para 6,67% em 12 meses. A boa notícia é que, no mês, a inflação desacelerou para 0,38%, após alta de 0,46%, mas ainda assim, veio um pouco acima da mediana das previsões (0,37%).
EUA indicam fim de estímulo e dólar dispara – O FED, BC dos EUA, indicou esta semana que o programa de estímulos à economia, por meio de compras de títulos, pode começar a ser reduzido ainda este ano e terminar de vez em 2014. Com a melhora da economia americana, os investidores estão tirando recursos dos países, inclusive do Brasil, levando-os de volta aos EUA que, no futuro, também devem aumentar a taxa de juros. Com isso, a tendência do dólar é subir. Foi o que vimos esta semana em todo o mundo: moedas se desvalorizaram em relação ao dólar, mas o real se deprecia ainda mais, por conta de problemas internos e falta de confiança na política econômica. O dólar chegou a R$ 2,27, mesmo com intervenções do BC. As bolsas também caíram. O dólar mais alto complica ainda mais a situação, porque é uma nova fonte de pressão na inflação.
Gastos no exterior recorde e piora nas contas externas – O BC divulgou hoje que os brasileiros gastaram US$ 2,2 bi no exterior em maio (o maior valor para o mês já registrado), mesmo com o dólar mais alto, que tem impacto negativo nas contas externas. O rombo chegou a US$ 6,4 bi em maio – valor recorde, quase o dobro do registrado no mesmo mês de 2012. Nos últimos 12 meses, o saldo é negativo em US$ 73 bi (3,2% do PIB).
Taxa de desemprego continua em 5,8% - Em maio, a taxa de desemprego ficou em 5,8%, no mesmo patamar do mês anterior. A taxa de desocupação estava vindo mais baixa do que a registrada em igual mês do ano anterior, mas desta vez, ficou igual, o que não acontecia desde dezembro de 2009. A renda do trabalhador caiu um pouco, 0,3% em relação a abril. O mercado interpretou essa informação como mais um sinal de moderação no mercado de trabalho. Não houve mudança na taxa média, mas o desemprego subiu em duas das seis regiões metropolitanas pesquisadas pelo IBGE: em Salvador (de 7,7% para 8,4%) e no Rio de Janeiro (de 4,8% para 5,2%).
By Mirian Leitão
By Mirian Leitão
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